O suicídio
do líder do Nirvana foi também a morte da banda. Confira o texto especial
publicado na revista Bizz em 1994, logo após o falecimento do ídolo
Quando a
edição do jornal Los Angeles Times de quarta-feira, 6 de abril, chegou às
bancas, noticiando que o Nirvana estava fora da edição 94 da turnê Lolapallooza
- uma excursão com tudo para figurar entre as três maiores atrações do próximo
verão americano -, e enfatizando os rumores que a banda teria acabado,
provavelmente Kurt Cobain já estava morto.
O corpo foi encontrado às 8h30 da manhã de sexta-feira, 8 de abril, por um eletricista que foi consertar o sistema de alarme na casa do músico, em Seattle. Inicialmente, ele pensou tratar-se de um "manequim jogado no chão". Cobain estava com o revólver calibre 38 ainda sobre o peito, apontando para o queixo e um bilhete suicida sob um vaso derrubado. Conforme os médicos legistas, a morte de Kurt, com um tiro na cabeça, teria ocorrido de 24 a 48 horas antes da descoberta.
O corpo foi encontrado às 8h30 da manhã de sexta-feira, 8 de abril, por um eletricista que foi consertar o sistema de alarme na casa do músico, em Seattle. Inicialmente, ele pensou tratar-se de um "manequim jogado no chão". Cobain estava com o revólver calibre 38 ainda sobre o peito, apontando para o queixo e um bilhete suicida sob um vaso derrubado. Conforme os médicos legistas, a morte de Kurt, com um tiro na cabeça, teria ocorrido de 24 a 48 horas antes da descoberta.
Kurt deu uma entrevista à
revista Rolling Stone no final do ano passado e publicada em janeiro de
94-chamada "O sucesso Não É Um saco - e morbidamente profética. Kurt dá a
entender que o Nirvana havia chegado ao fim da linha. E que seu destino era
incerto. Mas, acima de tudo, mostrava-se perdido e desiludido com a fama e o
sucesso.
Se por um lado Nevermind
inaugurou urna revolução estética e mercadológica no rock - algo equivalente ao
movimento punk - por outro Cobain se sentia frustrado. Ele estava prisioneiro
da canção-ariete ("Smells Like Teen Spirit") e de toda badalação em
torno do grunge-rock de Seattle, decorrente do sucesso daquela música e da
transformação de Kurt Cobain em cone da música pop.
"Fomos incapazes de
mostrar o lado mais suave, mais dinâmico da banda", disse Kurt na
entrevista. "O som pesado de guitarra é o que garotada quer ouvir.
Gostamos de tocar (as coisas antigas), tuas até quando eu serei capaz de gritar
até arrebentares pulmões toda noite, durante um ano inteiro de turnê?" Num
trecho mais sombrio, Kurt admitiu que, nos últimos cinco anos, havia desejado a
morte "todos os dias", por causa de dores estomacais. "Muitas
vezes cheguei bem perto."
No dia 3 de março, em
Roma, Kurt Cobain mergulhou em vinte horas de coma depois de misturado
champanhe e comprimidos de Roypnol.
Outro incidente,
entretanto, este ainda mais apavorante, foi revelado somente após sua morte.
Por duas vezes a polícia de Seattle havia sido contactada pela família do
músico, diante de suas ameaças suicidas. A última foi no dia 18 de março-treze
dias depois de ele ter emergido do coma -, quando ele se trancou num quarto de
sua casa com quatro armas diferentes, prometendo se matar - e de lá só saiu
depois da interferência da polícia.
"Sou uma pessoa
demasiadamente errática, temperamental", escreveu Kurt em sua nota suicida
lida por Courtney Love pela primeira vez, em parte, numa fita tocada para os
mais de três mil fãs reunidos no domingo, dia 11, em torno da Space Needle, o
marco arquitetônico mais importante de Seattle, durante a vigília à luz de
velas em memória do músico. O recado continuava: "E perdi a paixão."
Courtney Love, com aquela
voz rouca e anasalada de quem acabou de chorar muito, comentou trechos do
bilhete. "Há anos venho me sentindo culpado", escreveu o músico,
"e o fato é que não consigo mais enganar nenhum de vocês. O pior crime é
enganar". Courtney Love emendou: "Errado: o pior crime é ir
embora". Mais adiante, quando Kurt citava Neil Young - "Melhor arder
do que se esvair aos poucos" - novamente Courtney interferiu, com voz
cheia de raiva: "Não acreditem nisso!"
Com Kurt morto, o Nirvana
oficialmente deixa de existir. Os caminhos viáveis para os dois terços
restantes da banda: enterrar o passado e começar do zero, com identidade
musical nova, a exemplo do que o Joy Division fez ao se transformar em New
Order depois que Ian Curtis se matou, ou partir cada um em sua trilha. Mas se
Cobain ainda estivesse vivo, o Nirvana teria morrido, de qualquer forma,
"Gostaria de trabalhar com pessoas que fossem o oposto total do que eu
estou fazendo agora", disse Kurt na Rolling Stone. "Esgotamos as
possibilidades, chegamos a um ponto em que começamos a nos repetir".
A maioria dos fãs, embora
chocada com a morte do músico, admite que o que Kurt Cobain fez não se
justifica e não serve a coisa alguma, a não ser, apenas em termos imediatos,
para aumentar temporariamente a venda de discos do Nirvana - desde que ele
morreu, os álbuns da banda começaram a desaparecer das prateleiras das lojas em
tempo recorde. Alguns lojistas notaram que entre os compradores havia um
contigente com mais de 40 anos - gente que em outras circunstâncias jamais
compraria discos do Nirvana. Outra conseqüência: os primeiros discos da banda,
o compacto "Love Buzz/Big Cheese", de 88, e o álbum Bleach, do ano
seguinte, ambos lançados pela Sub Pop, são agora o quindim dos colecionadores.
"Ele (agiu como) um moleque", rosnou um fã numa entrevista ao jornal San Francisco Chronicle. "Imagine, se matar deixando uma filha de dois anos para criar!". Outro fã, no mesmo jornal, foi mais adiante. "A garotada não vai sair se matando por causa disso. Para mim, (o ocorrido) só me fez perder o respeito por ele. Acho que Kurt deu um fim a seus problemas da forma errada."
"Ele (agiu como) um moleque", rosnou um fã numa entrevista ao jornal San Francisco Chronicle. "Imagine, se matar deixando uma filha de dois anos para criar!". Outro fã, no mesmo jornal, foi mais adiante. "A garotada não vai sair se matando por causa disso. Para mim, (o ocorrido) só me fez perder o respeito por ele. Acho que Kurt deu um fim a seus problemas da forma errada."
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